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Nota de Repúdio do Movimento Negro Alagoano

1 de março de 2021 Deixe um comentário

No dia 21 de janeiro de 2021, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, Maceió acordou com o nome da Praça Dandara dos Palmares, no Diário Oficial, sendo substituída para Praça Nossa Senhora da Rosa Mística. A iniciativa se tratava do Projeto de Lei nº 7.473, de autoria do vereador Luciano Marinho, que demonstra racismo e descaso com a história do povo negro alagoano.

A praça, localizada no bairro da Jatiúca, recebeu o nome de Dandara dos Palmares, após a sanção da Lei Municipal nº 4.423/95 e desde a sua criação, há 25 anos, é tida como espaço de reconhecimento da trajetória de líderes negros.


Após várias mobilizações do Movimento Negro e da apresentação de queixa por parte do Instituto do Negro de Alagoas (INEG-Al), junto ao Ministério Público Estadual de Alagoas, no mesmo dia em que ocorreu a ação arbitrária de mudança de nome, dia 21 de janeiro, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC),
ouviu a queixa do movimento negro e tornou sem efeito a sanção da lei que alteraria o nome da Praça Dandara dos Palmares.


Na persistência de apagamento da nossa história, no dia 24 de fevereiro de 2021, o Movimento Negro de Alagoas recebe a notícia de mais um ataque. O vereador Leonardo Dias encabeça a proposta de mudança de nome da Praça
Dandara dos Palmares, acrescentando a mudança de local. E, novamente, sem o consentimento e consulta pública junto ao Movimento Negro e a sociedade civil.

É inaceitável essa postura de imposição de poder, confirmando o racismo estrutural e institucional. Queremos respeito ao patrimônio histórico-cultural por toda luta e resistência contra a escravidão que Dandara representa, sendo uma líder emblemática do Quilombo dos Palmares. Cabe ressaltar que estamos buscando garantir nossos direitos e a preservação da nossa história. Para tanto, estamos unidos enquanto movimento negro; o Fórum Afro de Maceió, no dia 27 de janeiro, esteve em reunião com a presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), Mirian Monte, para discutir e apresentar pautas, visando a relevância de uma calendário municipal de valorização permanente da tradição da cultura negra, ressaltando a ocupação com a realização de atividades na Praça Dandara, bem como em outros espaços públicos.

Também, estamos reivindicando, junto ao Legislativo Municipal, a manutenção do nome e local original, da Praça Dandara dos Palmares, quando tivemos no último dia 24 de fevereiro, reunião com a vereadora Teca Nelma, que
demonstrou apoio a causa, se disponibilizando a fortalecer ações para a população negra, ao exemplo da realização de uma audiência pública. A luta pela garantia do nome da praça está atrelada à cobrança pela revitalização e preservação dos espaços da memória preta da cidade. E, chamamos atenção para a necessidade de mais políticos comprometidos em manter o patrimônio histórico e negro vivo, afinal a Câmara de Maceió é composta por 25 vereadores eleitos, além dos quadros que compõem o governo.

É fundamental reconhecer a importância de quem fez e faz esse país, para que as próximas gerações não reproduzam a lógica colonial racista. Portanto, não vamos nos calar! Não vamos aceitar que sejamos deslegitimados! A Praça Dandara Resiste, Ontem, Hoje e Sempre!

Assinam esta Nota de Repúdio:

  1. Abadá Capoeira
  2. Abassá de Angola oyá Igbale
  3. Afoxé Ofá Omin
  4. Afoxé Oju Omim Omorewá
  5. Aliança Nacional LGBTI+
  6. Associação Àdapo da Comunidade Muquém de Remanescentes Quilombolas de União dos
    Palmares/AL
  7. Associação Cultural Capoeira Tradição
  8. Associação Cultural Meu Berimbau tem Vida
  9. Associação de Negras e Negros da UFAL – ANU
  10. Bancada Negra
  11. Banda Afro Afoxé
  12. Banda Afro Dendê
  13. Banda Afro Mandela
  14. Banda Afro Zumbi
  15. Batuque Empreendimentos
  16. Bloco Sururu da Lama
  17. Capoeira Zuavos
  18. Centro Cultural Bobo Gaiato
  19. Centro de Cultura e Estudos Étnicos ANAJÔ (APNs-AL)
  20. Centro de Educação Popular e Cidadania Zumbi dos Palmares – CEPEC
  21. Centro de Estudos e Pesquisa Afro Alagoana Quilombo
  22. Centro de Formação Social Inaê
  23. Cia. De Teatro e Dança Afro Aiê Orum
  24. Coletivo Afro Caeté
  25. Coletivo Cia Hip-Hop de Alagoas
  26. Coletivo de Apoio às Trabalhadoras e Trabalhadores – CATT
  27. Coletivo O “Quê” do Movimento
  28. Comissão de Defesa da Promoção da Igualdade Social OAB/AL
  29. Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial (Cojira /Sindjornal)
  30. Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas – CONEPIR
  31. Coordenação Estadual de CRQs de Alagoas Ganga-Zumba
  32. Coordenação Feminina Quilombolas de Alagoas – As DANDARAS
  33. Dagô Produções
  34. Formmer Afro
    35.Fórum Afro de Maceió
  35. Fórum de Saúde Mental de Maceió
  36. Grupo de Capoeira Águia Negra
  37. Grupo Coração de Mainha
  38. Grupo Gay de Maceió
    40.Grupo Afojuba
  39. Grupo União Espírita Santa Barbara (GUESB)
  40. Grupo Pau e Lata – Palmeira dos Índios
  41. Ilê Axé Ofá Omin
  42. Ilé Alàketú As Asé Shòróké
  43. Ilê Nifé Omi Omo Posú Betá
  44. Ilê Egbé Àfàsókè Atílẹ́hìn Vodun Azírí
  45. Instituição Sócio cultural Acauã Brasil
  46. Instituto do Negro de Alagoas – INEG
  47. Instituto Mãe Preta
  48. Maracatu Baque Alagoano
  49. Maracatu Raízes e Tradições
  50. Massapê Corpo e Movimento
  51. Movimento dos Povos das Lagoas
  52. Movimenta Palmares
  53. Museu Cultura Periférica
  54. Negra-Mina Diversidade e Inclusão
  55. Núcleo de Cultura Afro Brasileira Iyá Ogunté
  56. ONG Ateliê Ambrosina
  57. ONG Axé Tribal
  58. ONG Patacuri Cultura e Formação
  59. Papo de Periferia
  60. Pastoral da Negritude da Igreja Batista do Pinheiro
  61. Ponto de Cultura Quilombo Cultural dos Orixás
  62. Projeto Erê
  63. Quilombo de Capoeira Pôr do Sol dos Palmares
  64. Rede CENAFRO
  65. Rede de Mulheres Negras de Alagoas
  66. Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais
  67. Terreiro de Umbanda Aldeia dos Orixás