Live sobre subida e ocupação da Serra da Barriga
O Coletivo de Intelectuais de Negros e Negras (CDINN) convidou o Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô para participar da Marcha Virtual Faremos Palmares de Novo.
A live intitulada “Subida e ocupação da Serra da Barriga: experiências e imersão virtual a partir de roteiros de visitas guiadas à Serra da Barriga”, foi mediada pelo Prof. Dr. José Nilton de Almeida (UFRPE), e ocorreu no dia 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares – das 14h às 15h na página do coletivo no YouTube.
Participaram da atividade: Helcias Pereira, membro fundador do ANAJÔ; Benedito Jorge da Silva Filho, o atual coordenador geral; e Valdice Gomes, jornalista e integrante, que faz parte do conselho fiscal da entidade. Eles destacaram a atuação da entidade no movimento negro alagoano e ações desenvolvidas em prol da valorização da cultura afro; execução dos projetos Palmares in loco e Vamos Subir a Serra que contribuem para o pertencimento étnico e exaltação da história do Quilombo dos Palmares; além da importância do Parque Memorial Quilombo dos Palmares situado no platô da Serra da Barriga – Patrimônio do Mercosul.
Confira na íntegra:
ANGOLA JANGA, ANCESTRALIDADES E HONRAS
Helcias Roberto Paulino Pereira
Membro do Centro de Cultura e Estudos Étnicos ANAJÔ
Militante do Movimento Negro desde 1988
Poderia ser apenas um ato ou sentimento nostálgico de identificar a nova terra como “Pequena Angola”, ou simplesmente a sensação literal de “voltar pra terrinha”, ou ainda, remeter tudo isso ao passado na forma indubitável e singular de ser, de se organizar, resistir, lutar e viver. Angola Janga passou a ser de maneira imensurável uma utopia vital para se galgar uma longínqua experiência rumo ao inimaginável apogeu da liberdade.
A princípio tornaram-se imprescindíveis os rompimentos dos grilhões, tantos físicos, quanto psicológicos. Era preciso insurgir-se contra os opressores para terem de volta o mínimo necessário de dignidade humana, aliás, nem assim eram considerados (as) visto suas condições miseráveis de homens e mulheres escravizados (as), tratados (as) abruptamente como animais de carga, moedas de barganha, objetos de escambos, etc. etc. Lutar era mais que preciso!
Depois de aproximadamente trinta e três anos de resistência (1597-1630) e busca incansável por resiliência, o Quilombo dos Palmares finalmente mostrava-se aos governantes de Pernambuco que sua existência estava sem sombra de dúvidas sedimentada na Zona da Mata, cujos malungos desta feita aquilombados e livres, poderiam deleitar-se em Xirês (rodas e danças invocando Orixás, N´kises e Vodus) e Quizombas (grandes festas) por ser essa, uma expressão cultural eminentemente africana, considerando sua complexidade continental.
E assim, entre tempos de paz e alguns de guerra, Palmares que se tornou República livre, mesmo que edificada em montes íngremes repletos de “cafuas” e pequenos Mukambus, e se fortificou a cada dia ampliando sua população e se fazendo valer como um Estado independente dentro do Estado de Pernambuco.
Durante algumas décadas, seus habitantes passaram de três mil em média para mais de vinte mil, constituídos por agricultores, ferreiros, lenhadores, caçadores, conselheiros, guerreiros, e outros, cuja participação feminina apesar de em menor quantidade se fez forte e certamente com indiscutível equanimidade. As pindobas ou pindoramas assim chamadas pelos indígenas (grande quantidade de palmeiras) foram determinantes quanto a origem do nome do quilombo, mas foi a Serra do outeiro que se chamou Macacos, hoje SERRA DA BARRIGA a capital inconteste do grande Quilombo (Mukambu) dos Palmares, cuja extensão geográfica se expandiu para um raio superior a duzentos quilômetros quadrados em toda Zona da Mata, hoje, entre Pernambuco e Alagoas. Palmares, o grande Quilombo conseguiu manter-se organizado por um século quando sofreu sua grande derrocada na madruga do dia seis de fevereiro de 1694, entretanto, mesmo com o tombo fatal do seu último Comandante-em-chefe ZUMBI em vinte de novembro de 1695, ainda assim em meados de 1704, em pleno século XVIII Camuanga, Banga e Souza tentavam corajosamente fazer resistir a Saga de Palmares.
Subir o SOLO PALMARINO em vigília na madrugada do seis de fevereiro, tem sido uma forma singular do Movimento Negro Contemporâneo em todas as suas faces organizativas e representativas, enquanto momento de honras e homenagens aos ancestrais que sonharam, vivenciaram, resistiram e lutaram até o ultimo momento de suas vidas, pela verdadeira liberdade, aquela que se entranhou no solo tornando-o sagrado ao ser fecundado com todo sangue derramado dos guerreiros e guerreiras ali tombados.
Ancestralmente, não é motivo de choro nem lamento por causa da derrocada inaceitável, é de fato uma oportunidade impar de se refletir, entender e saudar todos os guerreiros e guerreiras ali martirizados e materializados no chão das entranhas da barriga da Serra, a qual se constitui hoje numa forma de Muxima, pulsando em cada um de nós que naturalmente nos deixamos enveredar pelas mesmas utopias do passado, na certeza que nossa liberdade está dentro de nossas mentes e corações. Sejamos guerreiros na luta e fortaleçamos a coletividade.
Viva Aqualtune dos Palmares e todos os Gangas, Viva Zumbi, Dandara e Andalaquituche. Saravá N´Zambi!
CONVOCATÓRIA – FORMAÇÃO (14.02.16)
Atenção malung@s do Anajô/APNs-AL!
No dia 14 de fevereiro (domingo) em nossa sede, teremos uma formação importante sobre o Quilombo dos Palmares e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares localizado no platô da Serra da Barriga em União dos Palmares (AL).
Esse é o momento de fortalecermos o projeto Palmares in loco! A atividade será iniciada às 8h e o encerramento previsto para às 12h.
Quem puder, leve frutas e lanche para tomarmos café juntos e a manhã ser mais produtiva.
Abraço
Helciane Angélica- Secretaria Geral e de Comunicação
APNs participam de celebração na Serra da Barriga
Integrantes dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) em Alagoas participaram da celebração “De volta a Angola Janga” que significa “Minha terra” na madrugada do dia 06 de fevereiro, na Serra da Barriga em União dos Palmares. A atividade faz alusão à última grande guerra no Quilombo dos Palmares em 1694. Guerreiros e guerreiras quilombolas que lutaram até a morte por justiça e liberdade, porém, o massacre culminou na destruição da Cerca Real dos Macacos (sede administrativa e política do quilombo) e tornou-se símbolo de resistência negra mundial.
Confira algumas imagens:
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Festejos e ativismo: Alagoas comemora o Dia da Consciência Negra
Confira a reportagem do site TNH1, que contou com a colaboração do ativista Helcias Pereira. Acesse: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/geral/2014/11/20/312611/festejos-e-ativismo-alagoas-comemora-dia-da-consciencia-negra
20 de novembro – Mais um dia de luta e resistência
Serra da Barriga – solo sagrado e palco da resistência negra (Foto: Helciane Angélica / 2012)
O 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares – é mais um dia de luta por igualdade racial e justiça social. É um dia de reflexão e exaltação da história e cultura afrobrasileira, um momento importante para renovarmos o compromisso na valorização do pertencimento étnico.
Palmares in loco para jornalistas
No último sábado(05.04), ocorreu uma edição especial do projeto Palmares in loco produzido pelo Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô na Serra da Barriga em União dos Palmares(AL). A atividade foi apoiada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) e destinou-se a um grupo de jornalistas que estavam participando do 36º Congresso Nacional em Maceió.
Estiveram presentes profissionais comprometidos com a igualdade racial oriundos de sete estados, foram eles: Angélica Basthi, Sandra Martins e Dulce Tupy (RJ); Jacira (DF); Flavio Carrança e Rosane Borges (SP); Jeanice Ramos e Ricardo (RS); Douglas Dantas (ES); Vera Godoi e Verônica Pimenta (MG); Pinheiro Sales, Luis Claudio e Weber Felix (GO).
Coube a Helcias Pereira – Vice presidente do Mocambo Anajô, coordenador nacional de formação dos APNs e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) – apresentar todos os espaços temáticos e contemplativos do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, além de repassar as explanações históricas sobre a organização sócio-política e militar no Quilombo dos Palmares.
Confira algumas imagens:
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Registro fotográfico – 30.03.14
Mais um momento marcante na Serra da Barriga em União dos Palmares: passeio com capoeiristas, formação e homenagem para guardas florestais… que foi realizada de forma simples, mas, com muito carinho e gratidão.
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APNs-Alagoas realizam homenagem para guardas florestais da Serra da Barriga
Nesse domingo(30.03), a Federação Alagoana de Capoeira(Falc) realizou mais uma importante aula de campo na Serra da Barriga em União dos Palmares. Estiveram presentes: Grupo Raça; Grupo Expressão e Raça, Grupo Pôr do Sol dos Palmares; Mestre Claudio, Mestre Ventania, Contra Mestre Juca, Contra Mestre Cristina e Monitora Pantera; além de representantes do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô(APNs-AL).
Desta vez, a formação foi sobre a data 21 de março, que é o Dia Internacional de Combate ao Racismo – em virtude do massacre na África do Sul (1960), onde também comemora-se o tombamento da Serra da Barriga (1988) e tombamento de Zumbi como herói Negro Nacional (1996), pelo IPHAN; e ainda, reflexão sobre os onze anos da SEPPIR.
Na ocasião, os Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) de Alagoas entregaram o OKE ODUM (A Graça do Ano) aos guardas florestais que atuam na Serra da Barriga em União dos Palmares. A ação integra o ano celebrativo dos 31 anos dos APNs, e é um reconhecimento pelos relevantes serviços prestados na proteção e preservação do Monumento Nacional, já que realizam a conscientização ambiental dos moradores e visitantes, além de terem atuado nos momentos dramáticos de incêndio na região.
Foi homenageada a empresa ALLSERV-LTDA, responsável pela fiscalização, limpeza e conservação do espaço sagrado; Mauro Aragão (Diretor/Allserv), Diogo Santos Palmeira (Coordenador) e todos os fiscais de área: Alessandro de Oliveira Alexandre, Carlos Bezerra Machado, Claudio Henrique da Silva França, Josames Teles de Almeida, José Adriano Cordeiro de Lima, José Edson da Silva, José Flávio de Oliveira, José Wellington da Silva Santos, Luiz Roberto da Silva, Marcos André da Silva Santos, Roberto Ferreira de Melo e Rogério Soares Batista.
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